segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Limpeza do rio Paraguaçu tem avanços, mas zona periférica ainda está descoberta

Desde o início de janeiro de 2013, moradores de Cachoeira foram surpreendidos com uma das primeiras ações do prefeito de Cachoeira, Carlos Pereira (PP). A limpeza e revitalização da margem direita do baixo rio Paraguaçu, principal rio que banha as cidades vizinhas de Cachoeira, São Félix e Maragojipe, no Recôncavo baiano.
De acordo com informações da assessoria de comunicação do município, mais de 60 toneladas de lixo e entulho foram retiradas das margens do rio. Além do lixo acumulado, a equipe de limpeza também realizou um processo de drenagem na margem do rio. A terra acumulada, que também servia de local para pasto de animais, foi retirada. A ação está sendo realizada através da Secretaria de Obras e Meio Ambiente do município.
O marisqueiro Joselito Oliveira, 39, conhecido como Zé Litinho, aprova a limpeza, mas diz que não provoca efeitos na sua atividade. “Com a limpeza o que mudou foi a paisagem, mas na pesca não mudou muita coisa. Nos últimos tempos começaram a aparecer mais espécies marinhas devido a maré”.

A margem do rio que fica na área do bairro do Viradouro não sofreu
nenhuma ação da prefeitura. Foto: Lorena Morais
O prefeito Carlos Pereira afirma que as ações de preservação do rio serão constantes em seu governo e vão envolver as secretarias municipais. “Não podemos implantar um programa de desenvolvimento sustentável sem contemplar ações de preservação da natureza em toda extensão de nosso município”, justificou. Ele também reafirma o compromisso com o turismo na região. “Além da responsabilidade com a qualidade de vida da população, a prefeitura precisa cuidar de todo patrimônio do município que possui um grande potencial turístico, que ajuda no desenvolvimento socioeconômico na geração de emprego e renda de nossa população”, completa o gestor.
Após a conclusão das atividades, uma das ações da prefeitura municipal é evitar o trafego de veículos em parte da orla do rio, com o objetivo de possibilitar área de acesso livre para lazer e Cooper.
Já na periferia da cidade, mais precisamente no bairro do Viradouro, a limpeza e a revitalização passam longe. Questionados, alguns moradores que preferiram não se identificar, destacaram que o prefeito esqueceu de atuar no bairro. “A segurança aqui é um problema. Temos que conviver com o tráfico e o esgoto é uma fedentina”. Para eles o trabalho de limpeza e esgotamento deveria ser iniciado justamente na região, onde começa a ser lançado quantidades enormes de lixo e esgoto.
Destino do lixo
Garrafas, copos e sacolas plásticas, móveis, calçados, resto materiais de construção e lixo doméstico foram alguns dos produtos retirados durante a limpeza. Todo o lixo retirado está sendo levado para o aterro sanitário da região, que fica no município de Muritiba, é o que informou Mamede Dayube, secretário de Obras e Meio Ambiente. “A lama que não é esgoto, está sendo levada para um terreno particular próximo São Félix”, acrescenta.
Questionado sobre a possibilidade do despejo irregular no terreno particular na cidade vizinha, o secretário disse que não existe risco de contaminação do solo, porque o que foi retirado do rio foi apenas lama, já que de acordo com ele o que é despejado no rio não é esgoto líquido. ”O que nós vemos ali é o Rio Pitanga que desemboca no Paraguaçu. A não ser na parte do “Pinicão” que realmente ali é esgoto”, completa. Mamede afirma que 80% do município já tem esgotamento sanitário e as obras de implantação dos outros 20% foram retomados pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).

A obra de revitalização do rio Paraguaçu incluiu também a drenagem. Foto: Marília Marques
Saneamento e vazão
Em entrevista ao engenheiro ambiental Felipe Maluf, sobre os benefícios que a ação poderia trazer para o rio, ele ressalta sua relevância, mas acrescenta que uma efetiva ação de revitalização do rio perpassa pelo tratamento do esgoto que é despejado no leito do rio e na atenção em relação à vazão após a construção da Usina Hidrelétrica Pedra do Cavalo. “O que os gestores dos municípios que influenciam diretamente na água do Rio Paraguaçu têm que se preocupar são com certos aspectos ambientais de maior influência na qualidade da água: que são a vazão que a Pedra do Cavalo concede ao rio na última década e ao saneamento ambiental dos municípios”, destaca o engenheiro. “A vazão é insuficiente, aumentou sua salinidade, novas espécies animais começam aparecer e água fica mais salobra, coisa que não era característica desta parte do rio” acrescentou o engenheiro.
Felipe chama atenção para a emissão do esgoto no rio, que pode ter um tratamento inadequado, causando alteração no ecossistema.
Como o Paraguaçu banha as cidades de Cachoeira e São Félix,  a equipe do Recôncavo Online entrou em contato com a assessoria do prefeito de São Félix Duda Macedo (PSB) mas não obteve resposta.

Colaboração de Marília Marques e Ernesto Falcón

Matéria originalmente publicada no  Portal Recôncavo Online:
Limpeza do rio Paraguaçu tem avanços, mas zona periférica ainda está descoberta

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