sábado, 29 de maio de 2010

"Que o BAFF não se abafe" *

Por Nefertine

A terceira edição do Bahia Afro Film Festival (BAFF) - maior evento cinematográfico de temática afro da América Latina - aconteceu em Cachoeira do dia 13 a 23 de maio de 2010. E foi um sucesso! O principal objetivo do BAFF é “divulgar, integrar e promover discussões em torno da produção de cinema e vídeos, nacionais e internacionais, que possuam como temática central o cidadão afro-descendente, como ênfase na diáspora africana, no sincretismo cultural, no humanismo e preservação de raízes e valores”, palavras do cineasta Lázaro Faria, que foi diretor e curador do festival.

Cachoeira não poderia deixar de ser o lugar ideal para receber um evento que visa a cultura afro. Cachoeira, que traz em si uma energia inexplicável, e que mantém tradições que não encontramos mais em lugar algum. Como o próprio cineasta Humberto Mauro afirma que “Cinema é Cachoeira”, Luiz Cachoeira assina embaixo confirmando-a como “a verdadeira cidade cinematográfica”.

Durante onze dias o público que marcou presença ao evento experimentou o universo cultural e mágico do audiovisual, que foi associado a tantos outros tipos de aprendizagem. O festival teve como abertura oficial a presença de um ilustre cachoeirano que fez lotar o auditório da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia com sua performance. O ex-cantor do Tincoãs, Mateus Aleluia, lançou seu cd “5 sentidos” e ainda trouxe de presente o brilhantismo da Orquestra Afro Sinfônica.

O cineasta Roque Araújo instalou no foyer da UFRB o Memorial da História dos Equipamentos de Cinema. Câmeras que fizeram parte da II Guerra Mundial, câmeras de artistas consagrados, equipamentos que participaram de produções cinematográficas nacionais e internacionais. Um museu em funcionamento, onde estudantes e pessoas da sociedade civil puderam conhecer os materiais que ficam por trás das telas. O BAFF realizou seminários, foi para escolase dentro da universidade muita gente pode discutir questões importantes sobre o papel do negro no audiovisual e na sociedade.

O festival possibilitou troca de experiências, que foram adquiridas nas oficinas de especialização: Oficina de Cinema, com Operação de Câmeras Cinematográficas e Introdução ao Cinema Digital, ministrada por Lázaro Faria, Roque Araújo e Xeno Veloso (diretor de fotografia); Oficina de Produção de Cinema, por Flávio Leandro (cineasta); Oficina de Edição de Vídeo em Software Livre, Elielson Barbosa (editor do Ponto de Cultura Rede Terreiro Cultural); e a Oficina de Ateliê Videoarte ministrada pela videoartista suíça Anna K.

Foram filmes fantásticos; que trouxeram mensagens belíssimas, que nos mostraram lugares, pessoas, ações, histórias. Esse evento permitiu que a nossa gente fosse vista no palco.

No dia da premiação, a performance da turma do Vale do Iguape mostrou a riqueza cultura que existe em uma comunidade remanescente de quilombolas, que muita gente nem sabe que existe, mas que matem ali dentro valores e talentos que o mundo precisa reconhecer.

Muita gente importante passou por aqui durante esses dias, muita gente pode mostrar o que de melhor faz, muita gente aprendeu, descobriu, explorou, “viajou”... Os olhos se voltaram para Cachoeira. Hhouve um dinamismo e uma interação nunca visto antes. O Bahia Afro Film Festival tornou-se parte do calendário anual da cidade. Agora ele só tende a melhorar. E para os que dizem que o III BAFF acabou, estão enganados: ele está só começando. Que venha o IV BAFF!



* Frase de Olívia Santana

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