sábado, 20 de novembro de 2010

Origem da Festa D'Ajuda possui marcas históricas do século XIX

Capela D'Ajuda. Foto: Lorena Morais
A Igreja de Nossa Senhora D’Ajuda é a primeira igreja construída em Cachoeira. Pertencia à família que fundou o município, os Adornos, e foi dedicada primeiramente a padroeira da cidade, Nossa Senhora do Rosário. Com a finalização das obras da Igreja Matriz, localizada na rua Ana Nery, a devoção a padroeira foi transferida a essa instituição e a Igreja D’Ajuda ficou abandonada.

Em 1820, a capela foi doada aos descendentes da família Adorno e reformada com a contribuição de comerciantes, pessoas da elite e senhores de engenho, instituindo devoção a Nossa Senhora D’Ajuda. Foi criada também a Irmandade D’Ajuda, mas não há registros, naquela época, da realização da festa como é nos dias atuais.

Segundo pesquisas do historiador Cacau Nascimento, as primeiras documentações das manifestações populares datam de 1872, onde começaram a se instituir comissões de organização de missa, procissão, festa, arrecadação de fundos, etc. “Cada noite da missa era dedicada a um grupo social. Nesse dia eles saíam em forma de ternos – como terno das mulheres, terceira idade, comerciantes – e desfilavam com sua fanfarra pela cidade”, disse.

Os “embalos” e “levagens” de meia noite

A lavagem D'Ajuda percorre as principais ruas da
cidade até chegar a capela. Foto: Laiana Matos


A participação popular da festa surgiu de forma inusitada. No mês de sua realização, segunda quinzena de novembro, aconteciam os preparativos. A capela era lavada por ex-escravos e/ou descendentes, que saíam à meia-noite com latas e baldes fazendo “batuques” para acordar os companheiros e buscar água nos riachos Caquende, Pitanga ou Três Riachos. Eles também eram responsáveis por distribuir de porta-em-porta lenha para a construção de fogueiras durantes os dias do festejo, já que na época ainda não existia iluminação pública. Durante o percurso essas pessoas que faziam a “levagem” da lenha entoando cantigas populares. Todas essas manifestações eram feitas na calada da noite, já que foi instituído no país no ano de 1905 a lei da “Belle Epoque”, que proibia qualquer tipo de manifestação abolicionista ou realizada por negros, como festas, candomblés e sambas-de-roda.

Foi no governo de Getúlio Vargas (1930) - com a destituição da lei - que o comerciante cachoeirano Urcesinio Santos buscou uma forma de motivar esses “levadores”. Organizou um grupo de músicos fanfarristas para acompanhar com melodias animadas essas pessoas e motivá-las a sempre buscar água nos riachos para lavagem do adro da igreja.

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Um comentário:

Valdelice Santos disse...

Que bom, Lorena, que pessoa como você se interessa em conhecer a história de nossa cultura, e o melhor de tudo, é que você passa o que aprendeu para todos nós. Fiquei feliz em saber a história da festa D'Ajuda.Continue sempre nesse caminho. Isso irá te render grandes elogios, e por que não um prêmio de grande importância ai?
Abraços

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